O Coletivo Macanudos promoveu nesta terça feira, 13, a primeira edição do Café Preto.
A atividade contou com o apoio da Pró Reitoria de Assuntos Estudantis e professora
Cassiane Paixão (ICHI). Gostaríamos de agradecer a presença de velhos parceiros de
caminhada e também a aproximação de novos companheiros de luta. O evento teve
como principal objetivo a valorização/celebração das identidades de cada um de nós
enquanto mulheres, homens, homossexuais, heterossexuais, negros, indígenas ou
brancos, sobretudo no que tange à nossa aproximação com a luta pelos direitos humanos
das chamadas minorias.
Reconhecemos as parcerias que tivemos e que atuaram em conjunto com nossos
esforços para que tudo ocorresse da melhor forma. Entretanto, cabe colocar aqui,
nem tudo são flores. Infelizmente enfrentamos obstáculos na utilização do espaço
dito ecumênico da Universidade. Nos foi dito que este espaço não era destinado
à religiosidades de Matriz Africana, que toques de tambor deveriam ser feitos em
terreiras. Seguindo este raciocínio também as missas não pertencem somente ao espaço
litúrgico das Igrejas? Também as práticas de meditação budistas não estão atreladas
somente aos Templos? Além disso, tal postura ignora o Estatuto da Igualdade Racial,
documento construído com muita luta e sangue de outras/os guerreiros do Movimento
Negro. No documento está exposto:
“Artigo 24 - O direito à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício dos
cultos religiosos de matriz africana compreende:
I – a prática de cultos, a celebração de reuniões relacionadas à religiosidade e a
fundação e manutenção, por iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins;”
Sendo assim, o Coletivo repudia esse tipo de atitude que tem sim um cunho racista,
não nos deixemos enganar. Não permitiremos que nos abalem pois temos consciência
que “a arma mais poderosa que temos ainda é a nossa arte”. Faremos reverberar nossos
cantos, e ocuparemos cada vez mais os espaços universitários com nossas caras e corpos
negros.